
Logo depois da partida do dono do templo, um monge viajante chegou à aldeia. Naquela época existia entre os monges a tradição de debate verbal em relação aos seus entendimentos sobre o budismo. Quem ganhasse o debate ficava com o templo e quem perdesse tinha de ir embora. Chamava-se a isto uma batalha do Dharma. Hoje, este costume ainda existe. Com muito cerimonial mas ainda existe.
Bem, o sujeito ficou muito preocupado com a notícia da chegada do monge viajante, já que ele era apenas o dono da padaria. Mas o chefe da aldeia veio até ele e disse: “Você faz o seguinte: raspa a cabeça, coloca a roupa de monge e depois se senta contra a parede como fazem os monges. Você tem que se conscientizar de que está treinando o silêncio. Assim, não precisa falar. Se você não falar, nada será revelado.” “Ah, está combinado”, disse o dono da padaria. Assim ele fez e ficou esperando. O monge viajante chegou, começou a perguntar, mas o monge da padaria estava sentado, em silêncio. “Ah”, pensou o viajante, “ele está fazendo o treinamento do silêncio. Não pode quebrar o treinamento e isto tem que ser respeitado. Mas já que estou aqui com tempo, vou tentar me comunicar com ele através de gestos”. E fez um gesto querendo dizer: “como é que está o seu coração?” O da padaria respondeu com outro gesto: “o meu coração é grande como o oceano..” “Ah”, entendeu o viajante, ele respondeu “grande como o oceano, o universo inteiro”. Universo inteiro significa dez direções, os pontos cardeais, e mais o meio, e em cima e

Esta história é muito engraçada, mas é exatamente isto o que está acontecendo no nosso mundo. Estamos vivendo dentro da nossa consciência. O monge viajante está vivendo dentro das teorias budistas, do treinamento etc., mas o dono da padaria não, ele está é preocupado com a qualidade do pão, quanto é que ele vai ganhar. É assim que cada um vive o seu mundo. Seu mundo significa aquilo que cada um está depositando dentro de sua consciência. Cada um tem os seus Karmas, particulares e coletivos. Dentro de uma só pessoa estão mais de trinta bilhões de anos passados e as experiências estão depositadas como sementes. Estas sementes dependem de condições, e quando existem estas condições, elas brotam e a árvore aparece.
Um comentário:
Só vemos aquilo que podemos ver e vivemos dentro desta realidade una. É como se fóssemos mágicos, criamos um cenário ilusório dentro de outra ilusão... cada um com sua varinha mágica. Muito nteressante, adorei.
Fernanda Belo
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